sábado, 17 de dezembro de 2011

Brevet Audax 200K – Boituva


Eu já havia participado do Desafio 120K na mesma região no ano passado, quando tive uma belíssima experiência juntamente com vários amigos. Porém, neste ano optei pelo Brevet 200K, imaginando concluir a série em 2012, pelo menos até os 400K.
Cheguei a Boituva com o Fábio na sexta logo no início da noite. Hospedamos-nos no hotel Rafeli e, assim que chegamos, já encontramos com nossos amigos queridos Paulo (ex-Race) e Élio. Jantamos todos juntos no restaurante Goiano que, apesar da demora, serviu-nos massas deliciosas e conversamos sobre as expectativas para a prova, os preparativos e tudo o mais. Depois disso, cama!
5h20 e estávamos em pé. Detalhes finais arrumados e descemos para o café com o Race e o Élio. Lá encontramos diversos outros audaxiosos o que ajudou a aumentar minha ansiedade. Bom foi ver que eu não era a única: o Élio havia passado a semana inteira ansioso! Essa é uma parte que eu ainda não decidi se gosto ou não. Esse período pré-prova sempre me deixa angustiada! Apesar de o Audax não ser competitivo, eu estava preocupada com o percurso, que prometia um longuíssimo tobogã do início ao fim da prova. Nossa única meta para o dia era a de terminar o pedal antes de anoitecer, mas mesmo assim, continuava com o frio na barriga.
Briefing antes da largada
Alimentados, fomos para a vistoria. A fim de zelar pela segurança dos participantes, a organização verifica se todos providenciaram os equipamentos necessários: farol dianteiro (muitas vezes o percurso é realizado durante a noite), pisca traseiro, colete refletivo e, logicamente, capacete! Passada a vistoria ficamos batendo um papo com Artur, amigo de pedal e com nosso novo companheiro Davi. A conversa e as risadas me ajudaram a relaxar e logo estava rolando o briefing, com informações sobre o percurso e os Pontos de Checagem (PCs).

Pra quem não conhece a prova, trata-se de uma disputa contra o tempo e não por posições em algum ranking. De acordo com a quilometragem a ser rodada, existe um tempo máximo para que os participantes terminem o percurso. No caso de Boituva, faríamos 200 km e nosso tempo de conclusão de prova era de 13h30. Para garantir que os participantes realizem todo o percurso, existem os pontos de checagem: locais onde temos de parar obrigatoriamente e carimbar nossos passaportes e onde os organizadores anotam o horário de nossa passagem.
Como estratégia para o percurso, optamos por fazer as paradas apenas nos PCs e, durante o pedal, nos alimentaríamos com lanches, frutas géis e barrinhas, além de muita água e isotônico!

Fábio, eu e a sombra do Artur logo no início do pedal.
A largada foi dada as 7h22 e fomos acompanhados por um comboio da polícia por entre as ruas de Boituva até alcançarmos a estrada. Na estrada, cada ciclista e/ou grupo impôs seu próprio ritmo e logo o grande pelotão da largada se desfez e muito já sumiram na nossa frente. Apesar de termos conversado por semanas para fazermos um pelotinho, na estrada Élio e Paulo já saíram na frente, ficando apenas Artur, Davi, Fábio e eu juntos. Após um bom tempo, Artur também impôs seu ritmo, indo um pouco à nossa frente e o Davi ficou um pouco mais atrás. O Fábio (como namorado mega companheiro que é) permaneceu ao meu lado por todo o percurso.
A primeira parte do percurso foi relativamente fácil e rápida. Percorremos os 60 km até o PC1 em três horas de pedal. Paramos brevemente no PC, carimbamos nossos passaportes e saímos os quatro novamente juntos, mas logo voltamos à nossa formação dos 60 km iniciais.

Davi, eu e Fábio no PC2.
A segunda parte do percurso, para mim, foi a mais difícil. O vento contra e as subidas intermináveis me quebraram de uma forma espantosa. Eu comi e me hidratei bem no PC1, tomei géis e continuei me hidratando durante a pedalada, mas mesmo assim parecia que faltavam forças. Após cerca de 2h30 chegamos ao PC2 e eu já estava quebrada. Pensamentos sobre desistir do Brevet não paravam de passar pela minha cabeça. Comemos, nos hidratamos e logo estávamos pedalando de novo.
Foi muito difícil voltar a pedalar. Senti meu corpo exausto e sem forças. Os ombros já começavam a doer e a temperatura estava aumentando. Passei uma boa parte do pedal desanimada e pedalando calada, convencida de que se conseguisse chegar ao PC3 já estaria ótimo e que lá abandonaria o Brevet. Porém, o restante do caminho de volta me surpreendeu! A altimetria ficou a favor e, mesmo com algumas subidas, foi possível desenvolver uma boa velocidade que, inclusive, aumentou nossa média geral. Nossa conversa se animou e cheguei ao PC3 após 2h30 com outra disposição.
Pernas para cima no PC3!
Devido ao cansaço, optamos por fazer uma parada mais demorada no PC3, para comermos bem (já que não havíamos almoçado) e nos preparar para os 60 km restantes. Encostamos as bikes e entramos no posto juntamente com a Artur. Apesar de termos estabelecido uma parada de 30 min, de repente aparece o Davi nos chamando do lado de fora do restaurante e avisando que já havíamos gasto uns 40 min por lá. Até aí estávamos tranqüilos, pois tínhamos a idéia de que poderíamos chegar em Boituva até as 22h... Qual não foi nossa surpresa ao conversar com os organizadores nos darmos conta de que nosso tempo real seria até as 20h40 mais ou menos.
Saímos do PC3 as 16h40 mais ou menos, preocupados com o fato de que teríamos apenas 4 horas para fazer os 60 km restantes tentamos estabelecer um ritmo bacana que nos permitisse chegar dentro do tempo estabelecido. Fizemos contas, estabelecemos metas e bora pedalar! Apesar de voltarmos frios depois de tanto tempo parados, logo conseguimos impor um ritmo bacana e, para nossa surpresa, estávamos mantendo uma velocidade bem acima do que era necessário para completar o Brevet.
A cada quilômetro minha empolgação aumentava e também minha disposição. Apesar de uma subida dura seguida de falso plano que somavam cerca de 7 km já na Castello Branco, continuamos num bom ritmo. Logo as placas para Tatuí começaram a aparecer e, após estas, as placas para Boituva.

Comemoração após os 200km! Meta cumprida! Ainda estava de dia!
Chegamos à cidade acelerando e completamos a prova as 19h47 com 12h25 de tempo total, ou seja, ainda tínhamos cerca de uma hora de lambuja até o final do tempo proposto para este Brevet. Engraçado como apesar de a última parte ter 60km, também foi o trecho em que senti que o tempo passou mais rápido. Na praça encontramos o Artur, que havia chego 10 minutinhos antes da gente e após mais 10 minutinhos o Davi nos encontrou. Todos concluímos o Brevet 200K, pegamos nossos certificados e nossas medalinhas. E para comemorar, nada melhor do que uma bela cervejinha gelada!
Depois disso, Artur e Davi já voltaram para um jantar com suas respectivas enquanto eu e o Fábio fomos para o hotel tomar um banho e encontrar nossos amigos mais rápidos. Tivemos um jantar delicioso na companhia do Adalberto, do Paulo e do Élio, mas o cansaço era tanto que logo estávamos a caminho de nossas camas no hotel. Dia fantástico!!!

Não tem como não elogiar de novo a organização do Audax Randonneurs São Paulo! A prova foi fantástica! o percurso, apesar de difícil, foi muito seguro e bem escolhido e o atendimento nos PCs não podia ser melhor! Além de comida e hidratação, a organização também nos presenteou com muita simpatia! Obrigada pelo ótima experiência!

Apesar de toda a felicidade e sensação de superação, acabei me decidindo por não continuar a série de Brevets. Os 200km já foram um sofrimento considerável e não acho que eu consiga pedalar por uma distância maior do que essa, mas que venha 2012 com seus desafios! Até lá, posso acabar mudando de idéia!

Valeu pela companhia e força durante o Brevet! Davi, Artur, eu e Fábio.








Ps: As fotos publicadas aqui no Blog foram registradas pelo Artur e pela equipe do Audax Randonneurs São Paulo.

Um comentário:

  1. Ah, eu acho que teremos de fazer um enorme trabalho psicológico, mas que você vai fazer um Audax 300k, ah vai! (ou não...) hehehe!
    Parabéns, Linda!

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